A Associação Brasileira de Juristas pela Democracia (ABJD), manifesta sua irrestrita solidariedade à Ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, diante dos ataques misóginos e desrespeitosos a que foi submetida durante audiência pública na Comissão de Infraestrutura do Senado Federal nesta terça-feira, 27 de maio de 2025.
A conduta de alguns parlamentares ultrapassou os limites do debate democrático e republicano, incorrendo em evidente prática de violência política de gênero. A tentativa de silenciamento, o uso de expressões depreciativas e a imposição de um lugar de submissão à ministra, mulher negra, amazônida e referência mundial na luta ambiental, são afrontas inaceitáveis à dignidade da pessoa humana, aos direitos das mulheres e aos valores constitucionais que regem o Estado Democrático de Direito.
A fala do senador Plínio Valério – ao afirmar que “a mulher Marina merecia respeito, a ministra não” – expõe com clareza a naturalização da misoginia institucional, reiterando padrões históricos de desqualificação de mulheres em espaços de poder. Tais práticas não apenas atacam Marina Silva, mas a todas as mulheres que ousam ocupar posições de protagonismo e exercer com firmeza suas convicções políticas.
Reiteramos nosso repúdio a qualquer tentativa de enfraquecer o debate ambiental por meio de práticas autoritárias, desrespeitosas e discriminatórias. Defender o meio ambiente é também defender a democracia e os direitos humanos. Marina Silva, ao se recusar a aceitar o silenciamento e a violência verbal, reafirma não apenas sua história de coragem e coerência, mas também os princípios que devem nortear a atuação pública em um país comprometido com a justiça, a igualdade e a liberdade.
A ABJD seguirá vigilante e atuante contra todas as formas de opressão de gênero, raça e classe, e em defesa de uma democracia que respeite, valorize e proteja as vozes plurais que constroem o Brasil.
Brasil, 28 de maio de 2025
Crédito da foto: Agência Pública