A Associação Brasileira de Juristas pela Democracia, vem publicamente manifestar a sua solidariedade à Ministra Substituta do TSE Vera Lúcia Araújo em função de ter sido vítima de racismo ao tentar adentrar no local de evento onde seria uma das palestrantes.
O tratamento discriminatório ocorreu nas dependências do edifício da Confederação Nacional do Comércio – CNC Business Center, sediado em Brasília, na manhã do último dia 16, quando do acontecimento do Seminário “Gestão Pública – Prevenção ao Enfretamento ao Assédio e a Discriminação” da Comissão de Ética Pública da Presidência da República.
A Ministra Substituta Vera Lúcia Araújo construiu uma das mais respeitadas trajetórias como advogada na Capital Federal e é uma das fundadoras da ABJD. Mente brilhante, pessoa de imensa coragem e compromisso com as causas humanistas, Vera Araújo é referência nacional para o mundo jurídico.
O fato nos evidencia que a conquista de direitos passa por uma necessária internalização por parte da sociedade de valores como o da igualdade. A perspectiva hierárquica e opressiva tão enraizada precisa ser vencida com políticas afirmativas de ocupação de espaços de poder; com coibição exemplar em casos de racismo e de outros tipos de preconceitos; com políticas educacionais e culturais de reconhecimento do Brasil como um país formado por um povo multirracial e mestiço; e de campanhas massivas de educação antirracista.
Atos de racismo como este revelam a vontade de perpetuação de ações perversas, a negação do outro como sujeito e detentor de direitos, a visão colonial e classista de que espaços de institucionais e de poder não podem ser frequentados por pessoas negras na condição de lideranças, e a ausência de autoestima por não reconhecer o Brasil real.
A ABJD soma forças aos enfrentamentos jurídicos que denunciam as violações de direitos, e cobra às instituições por ações imediatas para romper os ciclos de estruturais de discriminação.
Foto: Marcelo Cruz/Brasil de Fato