Nota ao Povo Gaúcho
A Associação Brasileira de Juristas pela Democracia – ABJD se solidariza com o povo gaúcho, que nos últimos dias sofre enormemente com as condições climáticas severas que assolam o estado do Rio Grande do Sul. Nesse triste contexto de calamidade, seguiremos acompanhando as medidas emergenciais adotadas pelo Poder Público, de prestação de socorro, suporte necessário aos indivíduos e famílias em situação precária e em risco de morte e, ao seu tempo, de reparação.
A tragédia que ocorre no RS clama por um enfrentamento mais radical para a superação da crise climática, que tem sua gênese no projeto antropocêntrico e no modelo civilizatório de produção e de consumo. É necessário sair do mero engajamento discursivo, que mascara as ações dos responsáveis pelos problemas ecológicos e sociais. É necessário operar mudanças estruturais para construir uma sociedade não destrutiva e materializar uma sustentabilidade comprometida ecologicamente, plural e democrática.
Como esta crise tem natureza sistêmica, onde as questões econômicas, sociais, culturais e políticas se relacionam e se imbricam, lutar pelo meio ambiente e intervir na superação da crise climática significa produzir uma mudança profunda na sociedade contemporânea. Precisamos enfrentar a questão agrária, realizar a democratização ao acesso à terra, com a conquista da Reforma Agrária, com a proibição do uso de agrotóxicos e com o estímulo a uma agricultura saudável.
Precisamos também cuidar da questão urbana, com o remodelamento das cidades para uma convivência mais humana e com opções de mobilidade não poluentes. Além de, conjuntamente, lutar por outras demandas fundamentais: a criação de opções de fontes de energia não destrutivas ao meio ambiente; a universalização ao acesso à saúde, à educação e à moradia de qualidade; o zelo e o cuidado com as nossas florestas, águas e subsolo; a superação das desigualdades sociais e do racismo ambiental; a educação de pessoas para que se sintam pertencentes e responsáveis pela natureza.
Nossa missão histórica é provocada também em razão da depredação da natureza, que diz “não” aos velhos modelos opressivos e instrumentais de organização social e de relação com o meio ambiente.
Associação Brasileira de Juristas pela Democracia - Brasil, 06/05/2024