MANIFESTO PELA PAZ E EM DEFESA DA CAUSA PALESTINA

06/11/2023

MANIFESTO PELA PAZ E EM DEFESA DA CAUSA PALESTINA


A ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE JURISTAS PELA DEMOCRACIA - ABJD, diante da continuidade das ações ocorridas na Faixa de Gaza, vem a público manifestar-se a favor da paz e em defesa da causa palestina. 

Os princípios que instruem e sempre construíram as bases da entidade se assentam na incessante e incansável defesa dos direitos humanos e do respeito às democracias. 

Desde o dia 7/10/23, após o ataque ocorrido também contra civis e inocentes israelenses, as redes sociais foram tomadas por uma onda de ódio e de intolerância remetendo aos períodos mais brutos de um passado político brasileiro recente, que, claramente, ainda milita em nossa sociedade e precisa ser banido. 

Da mesma forma, a cobertura da mídia ocidental passou a adotar uma lógica fragmentando a questão “Israel-Palestina” como se o conflito tivesse eclodido na data de 07/10/23 e sugerindo que aquela região pudesse voltar a ter paz. 

Qualquer manifestação de entidades do campo democrático, no Brasil e no mundo, demanda uma análise contextualizada do conflito o que remete a compreender o que se passa na região de maneira histórica e fática. Desde 1948 não há justiça na região e, sem justiça, impossível que se alcance a paz. 

A ABJD reconhece o Estado de Israel e sua legitimidade, desde sua criação e implantação, mas não reconhece o direito de Israel invadir e ocupar ilegalmente as terras da Palestina, e em violação a todas as normas existentes de Direito Internacional, em violação a centenas de determinações da Organização das Nações Unidas – ONU, desde a Resolução n. 194 de 1948. 

A ABJD condena veementemente as violações humanitárias praticadas pelo Estado de Israel desde 1948, como a expulsão de quase 1 milhão de palestinos e palestinas de suas casas, naquela ocasião, e que atualmente alcançam mais de 6 milhões de refugiados, em gravíssima violação humanitária, conforme preceituado pela Declaração Universal de Direitos Humanos – DUDH (1948). 

Desde a invasão pelo Estado de Israel ao território palestino, em 1948, o silêncio e a inação especialmente do Ocidente, principal ator na defesa da criação de dois Estados, Palestina e Israel, no território onde existia a Palestina, outras sucessivas violações e invasões territoriais, expulsões da população palestina de suas terras e casas, têm ocorrido. 

O Estado de Israel aprisiona, em violação ao Direito Internacional, centenas de crianças e adolescentes. Inclusive com base em legislação que permite a prisão de crianças palestinas a partir de 12 anos. Mantém encarcerado administrativamente milhares de palestinos, atos estes justificados em legislação interna, que afronta qualquer condição humanitária e viola direitos humanos. 

O Estado de Israel possui legislações específicas direcionadas à punição e à restrição de mobilidade ao povo palestino, inclusive construindo um muro segregacionista, o que configura hipótese prevista na legislação internacional (Estatuto de Roma) como crime de apartheid. 

O Estado de Israel, desde a invasão ao território palestino, tem sistematicamente negado o direito de o povo palestino existir, observados raríssimos momentos de diálogo e de concessões. O Estado de Israel sequer reconhece ou reconheceu a Palestina como Estado, tendo, no momento mais avançado das tratativas para a paz, reconhecido o território palestino (acordo de Oslo – 1993). 

Contudo, acordo que jamais foi observado pelos governos posteriores. O Estado de Israel tem sistematicamente armado sua população de base sionista com o propósito de avançar contra a população palestina. As políticas públicas do Estado de Israel, em sua base sionista, têm o propósito de intimidar, sufocar, oprimir, eliminar a vida e a cultura; a existência do povo palestino. O povo palestino vive em processo de opressão diuturna há décadas. 

A ABJD não pode silenciar neste momento e não pode aderir ou compreender que as ações, após 07/10/23, possam ser justificadas, quando desde sempre (1948) o Estado de Israel buscou o sufocamento e a opressão de um povo. 

Expulsão e morte sempre foram recorrentes. O governo de Israel promove um massacre sem precedentes desde o ataque covarde do Hamas. O Estado de Israel ataca covardemente a população civil, especialmente crianças da Palestina. Os atos do governo de Israel têm o claro propósito de promoção de genocídio, como tipificado pela legislação internacional (Estatuto de Roma). O governo de Israel não se encontra em guerra, pois a guerra presume um adversário em condições, no mínimo, semelhantes. O governo de Israel promove um massacre contra inocentes, atingindo escolas, hospitais, ambulâncias, campos de refugiados (expulsos de suas casas pelo mesmo governo que agora os bombardeia). 

A história revela, infelizmente, que todo e qualquer regime de opressão nunca traz resultados pacificadores. 

A ABJD condena veementemente toda e qualquer forma de violência e de terrorismo, seja de grupo político, seja de Estado. A ABJD se solidariza com todas as vítimas e familiares históricos desse conflito, desde 1948, palestinos (as) e israelenses. Milhares de vidas inocentes precisam ser lembradas e a perspectiva histórica de suas mortes também. 

A ABJD conclama toda a sociedade para que os esforços pela paz e pelo cessar-fogo sejam extremos, mas, igualmente, que os esforços pela paz sejam supremos, passando, portanto, e incondicionalmente, pelo fim da opressão do Estado de Israel ao povo palestino. A busca pela liberdade e pelo direito de existir de um povo, de uma nação, não pode ser apagada, tampouco criminalizada pelo Ocidente. Não haverá paz sem justiça e a justiça passa, necessariamente, pela devolução de todos os territórios que o Estado de Israel invadiu ilegalmente e pelo reconhecimento pelo Estado de Israel do Estado da Palestina.

São Paulo (Brasil), 4 de novembro de 2023.

EXECUTIVA NACIONAL DA ABJD

MANIFESTO PELA PAZ E EM DEFESA DA CAUSA PALESTINA

Escolha a ABJD mais próxima de você

TO BA SE PE AL RN CE PI MA AP PA RR AM AC RO MT MS GO PR SC RS SP MG RJ ES DF PB