Nota | Os crimes contra os Yanomami exigem resposta

05/05/2022

Nota | Os crimes contra os Yanomami exigem resposta


Foto: Marcello Casal/ Agência Brasil

A Associação Brasileira de Juristas pela Democracia – ABJD ao tempo em que manifesta sua solidariedade ao povo Yanomami, vem exigir que o Estado brasileiro investigue e solucione o caso do desaparecimento dos vinte e cinco indígenas da Comunidade Aracaçá localizada no Estado de Roraima.

Os fatos que antecedem o desaparecimento são de imensa gravidade.

Em 25 de abril de 2022, Júnior Hekurar, líder indígena, denunciou em suas redes sociais que uma menina de doze anos havia sido estuprada até a morte por garimpeiros na comunidade Aracaçá, na área de Waikás, na Terra Indígena Yanomami, em Roraima, após ter sido sequestrada junto com sua tia, que sobreviveu após se jogar no rio e nadar de volta à comunidade, e outra criança de quatro anos de idade, que não se sabe com certeza se foi localizada com  vida.

Com uma área distribuída entre os estados de Roraima e Amazonas, a Terra Yanomami completa 30 anos de demarcação em 25 de maio de 2022.

Agentes da Polícia Federal e integrantes do Ministério Público Federal (MPF) que viajaram para a região com a finalidade de apurar as denúncias encontraram a comunidade incendiada e os vinte e cinco yanomamis que nela residiam desaparecidos, fatos que entram para a estatística perversa do governo federal ao lançar programas que destroem as políticas públicas de proteção aos povos indígenas.

A omissão da imprensa sobre o caso e a cumplicidade criminosa de Jair Bolsonaro, que tem projeto para liberação de garimpo nas Terras Indígenas, exigem posição de todas as entidades da sociedade civil organizada para exigir a devida e necessária divulgação e que as instituições federais ajam de forma efetiva para solucionar os crimes e o desaparecimento dos indígenas.

Em 11 de abril a Hutukara Associação Yanomami lançou o relatório “Yanomami Sob Ataque: Garimpo ilegal na Terra Indígena Yanomami e propostas para combatê-lo” — com a intenção de sintetizar o avanço da destruição garimpeira na maior terra indígena do país. De acordo com o relatório divulgado, desde o início de 2021 foram registrados quatro ataques que resultaram na morte de pelo menos sete crianças yanomamis. Ainda segundo o documento, o garimpo ilegal avançou 46% em 2021, em comparação com o ano de 2020. Entre os anos de 2016 e 2020, o garimpo na Terra Yanomami cresceu em 3.350%. 

Os corpos das meninas yanomami estão sendo invadidos, porque são também territórios de resistência e existência. A violência sexual cometida contra as mulheres em territórios em conflito pode ser identificada como uma forma de “pedagogia de crueldade” – termo cunhado por Rita Segato e que conceitua a matança e o estupro de mulheres como meio mais eficaz para destruir a resistência das comunidades e garantir o controle através do medo e do terror.


Garimpo ilegal é crime! E a Terra Yanomami, bem como todas as Terras Indígenas, devem ser protegidas. O Estado brasileiro agora deve responder pelos crimes cometidos e onde estão os Yanomami.

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