A Lava Jato desmente a Lava Jato

05/07/2019

A Lava Jato desmente a Lava Jato







A grande inimiga da versão dos atores da operação Lava Jato de não autenticidade dos diálogos divulgados pelos meios de comunicação é, paradoxalmente, a lealdade entre o ex-juiz Sérgio Moro e os procuradores da força-tarefa.

É que eles não blefavam, cumpriam de fato o que combinavam pelo aplicativo Telegram. As orientações – recebidas como ordens – do então juiz Sérgio Moro eram seguidas à risca. Então os fatos é que comprovam que os diálogos são reais.

Vamos verificar alguns? 

O primeiro caso que veio à tona foi da procuradora Laura Tessler, que foi afastada das oitivas da ação do tríplex (Processo nº 5046512-94.2016.404.7000), pelos coordenadores da força-tarefa Deltan Dallagnol e Carlos Fernando dos Santos Lima, após reclamação de Moro que ela “não ia bem” nas audiências.

Um caso gravíssimo de “passa moleque” no Supremo Tribunal Federal veio com um diálogo de 23 março de 2016. Moro revelou que estava segurando processos de pessoas com prerrogativa de foro e escondendo informações do STF. Quando a Policia Federal divulgou, ele chamou de “bola nas costas” e teve que encaminhar ao STF os processos.

Moro queria manter a parte de João Santana, marqueteiro do PT na 13ª Vara. Dallagnol se comprometeu a pedir a Eduardo Pelella, assessor da Procuradoria-Geral da República, que a PGR desse um parecer nesse sentido.

De fato, cinco dias depois, dia 28 de março de 2016 Moro enviou os processos para o STF. O parecer de Rodrigo Janot, então Procurador-Geral da República ao STF foi justamente no sentido de que não houve investigação de pessoas com foro privilegiado nas duas fases da operação. Afirmou que as planilhas foram encontradas de modo "fortuito". Janot chamou as planilhas de "Lista Noboa" e afirmou que mostraram "pagamento de vultuosos valores a diversos políticos". Na avaliação do chefe do Ministério Público, a lista está desconectada das investigações das duas fases da Lava Jato.

Desse modo, o ministro Teori Zavascki, então relator da Lava Jato, manteve todos os atos praticados por Moro nessas operações, incluindo as prisões de João Santana, de Mônica Moura e de outros suspeitos.

O ministro seguiu parecer de Rodrigo Janot, que afirmou que não viu, na atuação de Moro nenhum ato de violação à competência do Supremo. 

Na revista Veja desta semana uma conversa de 28 de abril de 2016 mostra que Moro orientou os procuradores a tornar mais robusta uma peça. No diálogo, Deltan Dalla­gnol, chefe da força-tarefa em Curitiba, avisa à procuradora Laura Tessler que Moro o havia alertado sobre a falta de uma informação na denúncia de um réu — Zwi Skornicki, representante da Keppel Fels, No dia seguinte, o MPF incluiu um comprovante de depósito de 80 000 dólares feito por Skornicki a Musa. Moro aceita a denúncia minutos depois do aditamento e, na sua decisão, menciona o documento que ele mesmo havia pedido para incluir nos diálogos revelados. 

Em 7 de maio de 2016, Moro comenta com Dalla­gnol que havia sido procurado pelo apresentador Fausto Silva, que os aconselhou a usar uma linguagem mais simples, para todo mundo entender, para o povão. Procurado pela revista Veja, Faustão confirmou o encontro e o teor da conversa entre ele e Moro. 

Como se nota, cada dia mais difícil para o ex-juiz e os membros da força-tarefa da operação Lava Jato manterem sua tese de “não reconheço os conteúdos”. As revelações da revista Veja agravam ainda mais, envolve nome de ouro ministro do STF e atual relator da Lava Jato naquela Corte.

As instituições precisam decidir: ou reagem ou sucumbem.


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