Uchôa explicou a motivação da ação e o funcionamento da Corte Internacional sediada em Haia, na Holanda. "Desde o início da pandemia, o presidente da República mostrava resistência grave às medidas sanitárias, promovia aglomeração sem máscara, desmerecia a gravidade da doença, disseminava informações falsas e ainda impulsionou a campanha com o mote 'O Brasil não pode parar'".
Para o jurista, ficou bem claro que o governo estava se omitindo das responsabilidades que deveriam ser tomadas para evitar que a pandemia atingisse as proporções que chegou atualmente, com mais de 600 mil mortos. Ele destaca que os trabalhos realizados pela CPI da Covid permitiram constatar que mais que omissão, a atuação de Bolsonaro partiu de uma estratégia pensada para deixar parte da população morrer e para gerar a chamada 'imunidade de rebanho'. "O governo foi perverso no estímulo ao descumprimento das medidas sanitárias, no desrespeito à legislação interna, na insistência no uso de medicamentos ineficazes e na postergação da compra de vacinas, entre outros", descreveu.
Em setembro do ano passado, o TPI arquivou a ação da ABJD afirmando que necessitava de mais elementos para comprovar o crime contra a humanidade. Para Uchôa, esses elementos estão mais do que comprovados a partir do robusto relatório final da CPI. "Agora temos um documento mais forte, denso e bem estruturado que irá mobilizar o TPI para que tome uma atitude", completou.
Participaram do debate, ainda, Ariel de Castro Alves, advogado, especialista em direitos humanos e segurança pública pela PUC-SP e Perla Carolina Leal Silva Müller, advogada e vice-presidenta da Comissão de Direitos Humanos da 12ª Subseção da Seccional Paulista da OAB. A mediação foi de Kátia Pisciotta, funcionária pública que atua na gestão de áreas protegidas e membra da FADS.