Brasil em encruzilhada histórica: soberania ou submissão no mundo multipolar

29/08/2025

Brasil em encruzilhada histórica: soberania ou submissão no mundo multipolar


*Mara Carvalho e Alexandre Guedes são coordenadores da Secretaria de Relações Internacionais da ABJD


“O Brasil não cabe no quintal de ninguém” – (Livro de  Paulo Nogueira  Batista Jr.)


No último período, acompanhamos um ataque orquestrado à democracia e às instituições brasileiras no seu dever prestacional de atuar conforme os parâmetros de um Estado Democrático e de Direito. Os ataques advêm de uma parcela da elite política brasileira que não está preocupada com os direitos e garantias do povo brasileiro.

Ciente da capacidade de grupos bolsonaristas vinculados à extrema-direita internacional de espalhar desinformação, chama atenção tamanha adesão às mentiras espalhadas nas redes sociais e na mídia hegemônica aos discursos e posicionamentos contrários à soberania nacional e aos interesses do povo brasileiro. Causa surpresa que muitas pessoas, ditas defensoras da pátria, façam manifestações contra as instituições e o governo brasileiro que atua em alinhamento aos interesses da nossa nação.

De que pátria falam essas pessoas quando se vestem de verde e amarelo e saem às ruas para pedir anistia de um cidadão que atuou para concretizar um golpe contra o Estado e suas instituições? Que pertencimento têm autoridades ao se deslocarem para os Estados Unidos para desacreditar e atuar contra as instituições no Brasil?

Estamos vivenciando um momento emblemático e importante que expõe os interesses de grupos políticos bolsonaristas que sempre atuaram para destruir o Brasil e agora estão sendo devidamente expostos frente a ações publicizadas que ferem o interesse da população brasileira.

Os discursos veiculados em redes sociais de descrédito ao STF e seus juízes, na relação com a intervenção do atual presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, elucidam a gravidade do que está sendo feito por grupos ligados à extrema-direita no Brasil, de forma a desenhar uma intervenção ilegal mediante interesses contrários às normas e às instituições do país, que afeta diretamente o interesse do povo brasileiro.

O Governo Trump-II, dos Estados Unidos da América, vem perdendo espaço no cenário internacional para os países que integram o BRICS e, como potência imperialista em franca decadência, vem realizando açodada ofensiva contra países soberanos insubmissos, impondo a aplicação, de forma crescente e ilegal, da extraterritorialidade de suas Leis e Ordens Executivas; (p.ex.: Lei de Inimigos Estrangeiros – (1798); Lei Torricelli-Graham – (1992); Lei Helms-Burton – (1996); Lei Magnitsky – (2012); Programa "China Initiative" (2018-2022).

Essas leis e medidas são aplicadas sob a alegação de proteger a “segurança nacional” e o “mercado de trabalho” dos estadunidenses, e preveem: (i) Restrições de Imigração; (ii) Sanções Econômicas contra Estrangeiros, Indivíduos e Empresas; (iii) Repressão a Estudantes e Pesquisadores Estrangeiros; (iv) Controles de Exportação e Tecnologia; (v) Expansão de Deportações consideradas ilegais até pelo sistema legal dos EUA.

Os EUA vêm, de forma crescente, aumentando o bloqueio econômico, sanções e taxações contra os países que não se submetem aos seus interesses unilaterais; seja eliminando fisicamente os insurgentes (Saddam – Iraque / Kadhafi – Líbia, entre outros); tentando deslegitimar as instituições na condução dos seus processos eleitorais (Venezuela e Brasil); e/ou desestabilizando e perseguindo suas lideranças (Lula – Brasil, Cristina K – Argentina, Correa – Equador, Evo Morales – Bolívia etc.); bloqueando as relações econômicas de seus países, a exemplo de Cuba, Venezuela, Rússia e Irã.

As taxações na exportação de bens e produtos de vários países para os EUA vêm sendo negociadas em patamares mínimos, apenas para os que se submetem à arrogância do governo dos EUA.

Porém, o diferencial e melhor referencial internacional na atual conjuntura é o Brasil, que foi o mais afetado pela taxação, punido com 50% sobre a exportação dos seus produtos, a partir do dia 06.08.2025. Taxação que é ilegal, pois não respeita as normas da Organização Mundial do Comércio – (OMC); e está sendo aplicada unilateralmente sem qualquer justificativa legal, já que nosso país tem superávit comercial com os EUA. Porém, Trump-II alega que o motivo é a atuação institucional do STF, com a regulação das Big Techs no Brasil, e a punição dos envolvidos na tentativa de golpe de Estado de 08.01.2023, e da prisão do seu líder, o ex-presidente JMB.

Diante desses fatos, podemos inferir que as Ordens Executivas de D. Trump-II são retaliação e vindita dos EUA, devido ao fato (i) de o Brasil vir se destacando na liderança do BRICS, e da gestão Lula-III ter avançado na montagem de uma Nova Ordem Econômica Internacional, de caráter democrático e multilateral, amparada no princípio “ganha-ganha”; (ii) de o Brasil vir exercendo sua diplomacia de forma ativa e altiva, garantindo a soberania nacional, amparada nos princípios, tratados, pactos, convenções e leis que regem o Sistema ONU.

O Brasil vem agindo diferente do sistema legal dos EUA, que, além de não punir os golpistas do atentado ao Capitólio em 06.01.2021, ainda possibilitou a consolidação da impunidade, ao reconduzir o líder da tentativa de golpe, D. Trump, para governar o país pela segunda vez, até 20.01.2029; e que, ao assumir o seu mandato, se autoanistiou e também anistiou seus cúmplices golpistas; implantando uma política regressiva, fascistizante e de extrema-direita, revogando várias ordens executivas, leis e políticas públicas inclusivas. Cessando o financiamento de organizações humanitárias, científicas e educacionais; perseguindo seus adversários políticos e agindo de forma xenofóbica em face dos/as trabalhadores/as estrangeiros/as.

Tudo leva a crer que o desespero do império vai aumentar, pois a comunidade internacional já reconhece que o Brasil vem se consolidando como um país democrático e soberano sob o Governo Lula-III, e que suas instituições avançam na aplicação da Constituição de 1988 e das leis, e que, de forma inédita, haverá punição para os golpistas brasileiros de 08.01.2023.

O exemplo do Brasil soberano é vexatório e preocupante para o império, pois é um paradigmático precedente mundial e fator determinante para a nossa consolidação como um player internacional.

Certamente, em decorrência da nossa diplomacia ativa e altiva, a soberania nacional será garantida; no entanto, haverá um acirramento dos conflitos de interesses e da luta de classes, interna e externamente, em consequência da punição, com a aplicação da lei, aos que sempre realizaram e/ou tentaram golpes de Estado no Brasil. E a nave vá!

Brasil em encruzilhada histórica: soberania ou submissão no mundo multipolar

Escolha a ABJD mais próxima de você

TO BA SE PE AL RN CE PI MA AP PA RR AM AC RO MT MS GO PR SC RS SP MG RJ ES DF PB